Pé quebrado, panettone e uma série
Grandes coisas estão por acontecer, mas com emoção senão não tem graça
É muito engraçada minha vida porque no primeiro semestre eu fico meio perdida. Tem menos trabalho, eu tenho mais tempo livre mas passo a maior parte desse tempo me sentindo culpada por não estar fazendo mais, e questionando minha função nesta vida.
Chega o segundo semestre e tudo vira um caos completo: julho já chega com os dois pés no peito e com ele a pressão de planejar o Natal. Em agosto a locomotiva já está andando. Em setembro eu mergulho e só saio pra respirar no fim de dezembro, descabelada, exausta, com as costas destruídas e sonhando com tempo livre pra criar e descansar.
Todo mundo que trabalha com confeitaria sabe disso - tem que planejar o Natal meses antes, porque tem que encomendar embalagens, reservar o chocolate (que vai ter a terceira alta do ano em setembro), criar o menu e começar a organizar. Pra quem trabalha com chocolateria a Páscoa é pior - mas meu Everest é o Natal.
Este ano além dos panettoni que todo mundo já conhece vem aí uma loja online 100% nova, com produtos exclusivos feitos por artesãos geniais e também utensílios de cozinha que eu recomendo. Já tem um tempo que eu tô cozinhando isso na cabeça e finalmente desencantou. Tá quase pronta, e o lançamento vai ser junto com os panettoni em outubro!
Aguardem, vai ter muita coisa linda e pode deixar que eu comunico por aqui além de todas as redes sociais (eu sou @caramelodrama em tudo)!
De repente, não mais que de repente… quebrei o pé.
Pois é.
Uma pessoa hiperativa, que trabalha em pé e não para quieta um minuto - e que precisa fazer exercício físico senão fica doida. Sou eu.
Dei um passo em falso no finalzinho da aula de ballet (que eu faço há mais de 30 anos, muito puxado mas pra mim tão natural quanto respirar) e caí com o pé de lado. Fez um estalo tão alto que parecia que alguém tinha jogado uma bombinha de São João - e depois de muita dor veio o Raio X e o veredito: fratura no 5º metatarso, 5 semanas imobilizada e muito cuidado pra não abrir mais pra não ter que ir pra cirurgia.
Não posso ficar em pé, não posso cozinhar, tudo é na base da muleta. As coisas mais simples, como dar comida pros gatos, se tornam uma tarefa árdua. Nestes primeiros dias não dá nem pra pensar em descer pegar comida de delivery, por exemplo. De molho mesmo.
Estou muito chateada (pra não dizer irritada), dopada de analgésicos muito fortes (sonolência o dia todo) e não consigo fazer nada (e tenho toneladas de coisa pra fazer).
Sei lá, vou descansar nestes primeiros dias, tentar criar mais conteúdo mais pra frente (quando parar de tomar o analgésico bomba) e ter paciência (que nasci sem).
Onívoros
Esta é uma série recente que tem no Apple+ com o chef René Redzepi do restaurante Noma em Copenhagen. O Noma foi o melhor restaurante do mundo por muitos anos e hoje o chef pode se dedicar a projetos paralelos que envolvem comida - e este é um deles.
A série tem 8 episódios e cada um deles fala sobre um ingrediente diferente. O primeiro é sobre pimentas (e me causou certa ansiedade, porque sou alérgica à capsaicina, o alcalóide que faz arder a pimenta e está em todos os Capsicums incluindo o pimentão), mas o segundo é sobre atum.
Para minha surpresa é especificamente sobre o atum da região do Estreito de Gibraltar, que é a entrada do Mar Mediterrâneo e separa a Europa Ocidental da África. Na Europa essa pontinha é a Espanha, mais especificamente a região da Andaluzia, conhecida pelas paisagens dramáticas, pelo Jerez (o vinho fortificado primo do vinho do Porto), pelas praias e pelo calor.
Estive lá no ano passado com um casal de amigos tão obcecado por comida quanto eu. Viajar com os dois é uma sucessão de refeições pantagruélicas e muito marcantes. E vejam só, estivemos justamente na cidade de Barbate, que é mostrada no episódio. E adivinha? Comemos muito atum.
Fomos em um restaurante chamado El Campero, com um menu onde de 15 passos 13 eram feitos com cortes diferentes do atum (os outros 2 eram pré-sobremesa e sobremesa). O meu preferido foi o morillo, que é a nuca e está na foto abaixo.
Fomos também no restaurante mostrado no episódio, o Aponiente, capitaneado pelo chef Ángel León. Foi meu primeiro restaurante 3 estrelas Michelin, e até pele de enguia e uma sobremesa de atum com chocolate eu mandei pra dentro sem medo.







Adorei ver a cultura do atum de Barbate, que é pescado há centenas de anos com muito respeito e cuidado mostrada no episódio de maneira tão bonita - e saber que eu já vivi um pedacinho disso. Recomendo - tanto a série quanto a Andaluzia!
Bolo de Morango com Suspiro
Por último quero só mostrar os dois bolos lindos que saíram daqui no último fim de semana (antes de eu quebrar o pé na segunda-feira):
Um de 5kg, um de 2kg.
É isso. Logo volto!
Boa semana com beijos doces,
Carolina Garofani
O pica-pau estaria muito feliz com esse bolo!